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Cesariana: Entenda os Riscos e Quando o Procedimento é Realmente Necessário

A cesariana, quando realizada com base em indicação médica adequada, pode ser essencial para salvar vidas. No entanto, o uso excessivo desse procedimento tem levantado preocupações em todo o mundo. De um lado, países com pouco acesso à cirurgia apresentam altas taxas de mortalidade materna e neonatal. De outro, nações como o Brasil enfrentam o problema oposto: a realização exagerada da cesariana, mesmo em situações que permitiriam o parto normal.

O Brasil e a Epidemia de Cesariana

De acordo com um estudo publicado pela The Lancet em 2018, o Brasil é o segundo país que mais realiza cesarianas no mundo, com uma taxa alarmante de 55,5%. Essa porcentagem é muito superior à média europeia (25%) e até mesmo à dos Estados Unidos (32,8%). A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a taxa de cesarianas fique entre 10% e 15% — limite considerado ideal para equilibrar riscos e benefícios.

Segundo a OMS, esse cenário de excesso está ligado a diversos fatores:

  • mudanças no perfil das gestantes;
  • crenças culturais equivocadas sobre o parto normal;
  • medo da dor;
  • desinformação tanto da população quanto de profissionais de saúde.

Quais São os Riscos da Cesariana?

Embora a cesariana possa ser necessária em certos casos, ela também traz riscos que não podem ser ignorados. Esses riscos dividem-se em dois grupos: a curto prazo e a longo prazo.

Riscos Imediatos da Cesariana

  • Lesões em órgãos internos, como bexiga e intestino;
  • Sangramentos intensos e risco de transfusão sanguínea;
  • Infecções na ferida cirúrgica;
  • Complicações com a anestesia;
  • Dificuldade respiratória no recém-nascido;
  • Dificuldade no estabelecimento do vínculo entre mãe e bebê;
  • Tempo de recuperação mais longo para a mãe.

Complicações Futuras Associadas à Cesariana

  • Ruptura uterina em gestações futuras;
  • Placenta prévia e acretismo placentário;
  • Gravidez ectópica;
  • Infertilidade;
  • Histerectomia;
  • Aumento do risco de complicações em novos partos.

Por isso, é fundamental que a cesariana só seja indicada quando realmente necessária, com base em evidências médicas e não em preferências pessoais ou mitos culturais.

Quando a Cesariana é Indicada?

A cesariana deve ser realizada quando o parto vaginal representa risco para a mãe ou o bebê. Veja as principais situações que justificam essa escolha:

  • Prolapso de cordão umbilical com dilatação incompleta
  • Descolamento prematuro da placenta
  • Placenta prévia total ou parcial
  • Apresentação córmica durante o trabalho de parto
  • Ruptura de vasa prévia
  • Herpes genital com lesões ativas no momento do parto
  • Desproporção céfalo-pélvica, diagnosticada somente durante o trabalho de parto
  • Sofrimento fetal agudo, detectado por batimentos cardíacos alterados
  • Falha na progressão do trabalho de parto, após tentativas com ocitocina e ruptura das membranas

Outras situações como gestação gemelar, apresentação pélvica e cesariana anterior também requerem avaliação cuidadosa. Nesses casos, o desejo da gestante e a experiência da equipe obstétrica devem ser considerados.

O Que Não É Motivo Para Cesariana

Muitos mitos ainda cercam a cesariana. Um dos mais comuns é o “cordão enrolado no pescoço”. Essa condição, chamada circular de cordão, é natural e ocorre em cerca de 1/3 dos bebês. Não representa risco e não impede o parto normal. Outros equívocos comuns incluem:

  • Obesidade materna;
  • Estatura baixa da mãe;
  • Líquido amniótico em excesso ou reduzido;
  • Bebê muito grande (macrossomia);
  • Gravidez pós-termo sem complicações.

Essas condições, por si só, não justificam uma cesariana. Na dúvida, o ideal é sempre buscar segunda opinião médica e se informar em fontes confiáveis.

Como Reduzir Cesarianas Desnecessárias

Para enfrentar essa epidemia de cesarianas, a OMS lançou em 2018 uma série de recomendações com intervenções não clínicas, destinadas à sociedade, aos profissionais de saúde e aos formuladores de políticas públicas.

Principais ações recomendadas:

  • Programas de educação em saúde para gestantes e acompanhantes, com temas como fisiologia do parto e alívio da dor sem medicamentos;
  • Elaboração de protocolos clínicos baseados em evidência para equipes obstétricas;
  • Estímulo a modelos de atendimento interdisciplinar, envolvendo enfermeiras obstétricas, obstetrizes e médicos;
  • Implementação de políticas públicas que priorizem o parto humanizado.

Como Saber a Taxa de Cesariana do Médico ou Hospital

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) obriga os planos de saúde, desde 2015, a disponibilizarem as taxas de cesariana de hospitais, médicos e operadoras. Essas informações podem ser consultadas:

  • pelo site da operadora de saúde;
  • por telefone ou e-mail de atendimento;
  • no Painel de Indicadores da Secretaria de Vigilância em Saúde, que inclui dados de instituições públicas e privadas.

Exemplo real:

A Dra. Andrea Campos, por exemplo, tem taxa de cesariana de apenas 14%, com mais de 1400 partos realizados — o que demonstra um compromisso com práticas baseadas em evidências e centradas na mulher.

Conclusão

A cesariana é uma cirurgia importante, que salva vidas quando bem indicada. No entanto, seu uso indiscriminado coloca mães e bebês em risco desnecessário. Por isso, é essencial entender quando a cesariana é de fato necessária, conhecer seus riscos e estar bem informado para tomar decisões conscientes sobre o tipo de parto.

Pais informados são protagonistas na jornada do nascimento. Informe-se, questione, converse com sua equipe médica e busque um cuidado respeitoso e baseado em ciência. A saúde da mãe e do bebê agradece.

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Leidiane Lima

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